À conversa com Rodolfo Brito da Silva – Diretor do Boavista Trail

Rodolfo Brito da Silva é o director da mais recente modalidade amadora do Boavista Futebol Clube, o Boavista Trail. O Rodolfo tem 40 anos, é natural do Porto e reside em Matosinhos. Profissionalmente, é o gestor do estádio do Bessa Séc. XXI, director da modalidade de snowboard do Boavista e tem como paixão o trail, o snowboard e o ciclismo.

P.: Quais são as ambições para este mais recente projecto, o Boavista Trail?

R.: O Boavista Trail é um projecto ambicioso e inovador, no qual nos esforçamos bastante para ter sucesso. É um projecto bem estruturado e organizado, representamos um grande clube, o Boavista Futebol Clube, que tem 115 anos de história, com sucesso em praticamente todas as modalidades do clube e é claro que também quero que o Boavista Trail também o seja. Iniciamos este projecto no início de Setembro deste ano. Este será o nosso ano Zero e até ao momento, já temos cerca de 53 atletas, dos quais 25% são mulheres. O objectivo inicial, passa pela entrada de mais atletas para o clube.

Nesta época 2018/2019, vamos participar nos circuitos nacionais de trail, ultra trail e endurance. Vamos tentar fazer o melhor possível e se o melhor possível como equipa, for um dos primeiros lugares do circuito nacional de trail já será muito bom, já entramos com o pé direito porque vencemos como equipa, o Trail Longo dos Amigos da Montanha, prova a contar para o Circuito Nacional de Trail da ATRP. A médio prazo, o meu grande objectivo, é vencer como equipa o circuito nacional de trail.

P.: Qual é a vossa imagem de marca?

R.: Temos como slogan “Uma equipa com Garra” e é de facto assim que gostaríamos de ser conhecidos, uma equipa que dá tudo em qualquer prova que participe, porque os meus atletas deixam tudo no trilho e dão sempre o máximo.

P.: Que vantagens e deveres têm os atletas em pertencer ao Boavista Trail?

R.: Para pertencer ao Boavista Trail o atleta tem acima de tudo que ter o gosto pela corrida em montanha e ter um bom espirito de grupo e de camaradagem. Se tiver estas características, e depois de analisarmos o seu currículo e experiência no trail, tem que se tornar sócio do Boavista Trail, paga uma quota anual e as inscrições das provas são por sua conta. A grande vantagem que os atletas têm, é essencialmente pertencerem a um grande clube nacional com história e tradição, além disso os atletas também usufruem de todo o apoio institucional e logístico e também alguns apoios e incentivos de acordo com os seus êxitos desportivos.

P.: Os atletas têm algum tipo de apoio a nível de treino, nutrição ou fisioterapia?

R.: Sim, temos parcerias com algumas clínicas de fisioterapia e clínicas médicas, no qual os atletas usufruem de descontos bastante significativos nos seus tratamentos e recuperações, também temos apoio a nível do treino essencialmente para os atletas menos experientes, com planos de treinos adequados.

P.: Têm como hábito fazer/marcar treinos ou provas em conjunto?

R.: Sim, fazemos um treino urbano em conjunto, às terças-feiras, às 20h00, com saída e chegada no Estádio do Bessa, com duas distâncias, um com cerca de 10/12 Km e outro com cerca de 20Km onde tentamos aproveitar ao máximo o desnível positivo da cidade do Porto. A ideia deste treino é fomentar o espirito de equipa e como é um treino aberto, pode proporcionar a entrada de novos elementos. Para além disso, todos treinamos diariamente, e ao fim de semana, quando não estamos em competição, marcamos um treino colectivo na montanha/serra. Cada atleta tem liberdade para escolher as provas em que quer participar, mas por uma questão estratégica, tentaremos levar o maior número de atletas às provas que seleccionamos dos circuitos nacionais de trail.

P.: Quais são as maiores dificuldades/desafios para o Boavista Trail?

R.: Como disse anteriormente o nosso projecto está muito bem organizado e estruturado, somos uma modalidade do Boavista Futebol Clube, totalmente autónoma, que quer dinamizar e projetar o trail em Portugal. Tenho muitas ideias inovadoras, mas para as implementar, necessito essencialmente de ter apoios, porque quanto maior for o nosso orçamento, mais fácil será a sua implementação. Para além de várias actividades que iremos realizar em 2019, uma delas, será efectuar uma ou duas provas internacionais, para dar a possibilidade aos excelentes atletas que tenho, de lhes proporcionar alguma experiência em provas internacionais/circuitos mundiais.

P.: Como é que angariam receitas para o Boavista Trail?

R.: Angariamos receitas essencialmente com as quotas dos sócios/atletas e através dos nossos patrocinadores.

P.: No futuro, pretendem organizar algum trail?

R.: Tenho o objetivo de, a médio prazo, organizar no Porto, um trail ou um urban trail.

P.: Qual é a sua opinião sobre as organizações de provas trail em Portugal?

R.: Na minha opinião, as organizações estão a acompanhar o crescimento do trail, são provas bem marcadas, bem organizadas e com bons abastecimentos e assistência aos atletas. As provas mais antigas, são provas de referência, muito bem organizadas. Posso até dizer por experiência própria, que são mais bem organizadas, do que muitas provas emblemáticas de Espanha e de França.

P.: Qual é a tua opinião sobre a ATRP?

R.: Apesar de achar que fazem o melhor que sabem, na minha opinião, não é o suficiente. A ATRP tem que ser muito mais profissional. A modalidade de trail foi a modalidade que mais cresceu nos últimos 3 anos e temos que ter uma entidade em Portugal que gere o trail, que acompanhe também o crescimento da modalidade. Somos o único país do mundo, onde já se organizou um mundial de trail e outro será organizado no próximo ano, dois portanto, mesmo com o pouco desnível existente em Portugal, comparativamente França, Itália ou até mesmo Espanha. Tudo cresce, tudo avança, mas há um sentimento crescente de insatisfação em inúmeras questões, pelos atletas, em relação à gestão dos calendários, provas, etc. A ATRP não deveria fazer alterações constantes ao regulamento de competições ao longo do ano, como o fez na época passada. Deveriam ouvir mais os atletas e tratá-los melhor, são muito lentos na resposta às solicitações das equipas/atletas. Relativamente ao calendário, acho-o exagerado, com muitas provas, principalmente no circuito nacional de trail. Mas a época está a começar e vamos dar o benefício da dúvida, espero que este ano seja um ano bem diferente dos anos anteriores.

Apontamento Final
“Queremos dinamizar o trail em Portugal.
Queremos ser uma equipa com Garra.
Uma equipa com um projecto ambicioso e diferente do que existe em Portugal, que levará com toda a certeza ao sucesso, o Boavista Trail.”